Medida foi tomada devido a reações violentas do líder da Líbia contra manifestações
Do R7
O Conselho de Segurança da ONU aprovou neste sábado (26) por unanimidade - 15 votos a 0 - sanções mais duras ao governo do ditador libanês Muammar Gaddafi. A medida foi tomada devido a reações violentas do líder da Líbia contra as manifestações que tomaram conta do país nos últimos dias.
A decisão abre caminho para que Gaddafi seja julgado pela morte de civis desarmados que protestavam contra seu governo. A ONU estima que mais de mil pessoas tenham morrido na revolta, que dura dez dias.
Susan Rice, embaixadora dos EUA na ONU, ressaltou que esta é a primeira vez na história que o conselho de segurança do órgão internacional aprova por unanimidade o encaminhamento de um caso de violação ao Tribunal Penal Internacional. A Corte foi a mesma que julgou crimes contra a humanidade cometidos em Ruanda e nas guerras que se seguiram após a dissolução da antiga Iugoslávia.
As sanções aprovadas incluem ainda um embargo à venda de armas, a proibição a viagens e o congelamento de contas em resposta à repressão governamental aos protestos no país.
O rascunho com as represálias era apoiado por Reino Unido, França, Alemanha e Estados Unidos. Os americanos, alias, já impuseram sanções à Líbia.
Nesta sexta-feira, os Estados Unidos já havia anunciado sanções unilaterais ao regime. Gaddafi, familiares e colaboradores tiveram vistos cancelados e os bens congelados em solo americano.
Neste sábado, o presidente Barack Obama fez o seu mais duro pronunciamento sobre a crise no mundo árabe até agora. O chefe de Estado americano pediu ao ditador líbio que deixe o poder imediatamente. Em comunicado, o Departamento de Estado disse que “quando um líder apenas se mantém no poder para usar violência em massa contra seu povo, ele perde a legitimidade”.
O embaixador adjunto da Líbia na ONU, Ibrahim Dabbashi, apoiou a medida.
- O regime líbio não tem mais nenhuma credibilidade e essa resolução representa um apoio moral para os manifestantes. Essa resolução será um sinal para colocarmos um fim a esse regime fascista que ainda existe em Trípoli.
Ele apelou a todos os membros do governo e oficiais do Exército líbio a não obedecerem às ordens de Gaddafi.
- O regime líbio não tem mais nenhuma credibilidade e essa resolução representa um apoio moral para os manifestantes. Essa resolução será um sinal para colocarmos um fim a esse regime fascista que ainda existe em Trípoli.
Ele apelou a todos os membros do governo e oficiais do Exército líbio a não obedecerem às ordens de Gaddafi.
Oposição negocia governo interino
Isolado em Trípoli, Gaddafi já não é o líder supremo da Líbia. Em Benghazi, o reduto da oposição, o ex-ministro da Justiça do regime, Mustafa Abud al Jeleil, deu início às negociações para a formação de um governo interino.
Al Jeleil disse que Gaddafi é o “único responsável” pelos “crimes ocorridos na Líbia”. Ele defendeu ainda a integridade territorial do país e disse que a capital da Líbia continua a ser Trípoli.
Oposição controla partes de Trípoli
A oposição líbia continua avançando e já controla partes da capital, Trípoli. Segundo informações de agências internacionais, forças leais ao regime abandonaram o distrito de Tajoura, onde chegaram a entrar em choque com manifestantes, num confronto que pode ter deixado cinco mortos.
O leste do país já saiu do controle de Gaddafi há quatro dias, como mostram cenas das “cidades libertadas” como Benghazi.
O oeste do país já tem pontos que estão sob controle dos opositores, como a cidade de Zawia, que fica a apenas cerca de 50 km de Trípoli.