"Patricinhas” e famosos trocam boates
por festas em favelas cariocas
Bailes funks e eventos de pagode agitam as comunidades com muita música e gente bonita
"Patricinhas" e famosos acostumados a frequentar boates caras da zona sul do Rio estão invadindo as favelas ao trocar as badaladas festas por eventos no morro. Eles são atraídos pelo batidão e batuque do samba em um momento em que se sentem seguros com a ocupação dos morros pela polícia.
Ocupada pelas forças de pacificação em novembro, a Rocinha já sediava uma festa recheada de famosos e gente bonita desde julho de 2010. Uma vez por mês, o Baile da Favorita, que acontece na quadra da Acadêmicos da Rocinha, em São Conrado, zona sul do Rio, atrai curiosos de todos os cantos da cidade. Entre as atrações fixas, estão os MCs Sapão, Marcinho, Naldo, Marcio G e os DJs Tubarão e Helen Sancho que fazem o público requebrar até o chão.
Em dezembro passado, Laila Benchimol, de 26 anos, saiu de Copacabana, também na zona sul, onde mora, e seguiu para curtir o último baile do ano com as amigas.
- Eu gostei muito porque o baile é bem frequentado. Parece que eles fizeram uma festa dentro da favela para moradores da zona sul. Tava muito cheio e foi bom porque tinha MCs conhecidos. Fui depois da ocupação e não fiquei com medo. Acho que não ficaria com medo, mesmo se não tivesse ocupada pela polícia.
A ideia da festa surgiu quando a promoter Carol Sampaio resolveu fazer o próprio baile funk e, ao mesmo tempo, levar o seu público para o mais perto do que é um baile de verdade na favela.
- As pessoas não tinham um lugar e uma festa só de funk. E, com o Baile da Favorita, elas passaram a frequentar. Como diz a música: 'Quando toca ninguém fica parado'. Todos se divertem, todos são iguais. É bem a cara do Rio e o astral não existe igual!
Com programação até março na Rocinha, o baile fica sempre com a lotação máxima – de 2.000 a 2.200 pessoas – e tem preço entre R$ 40 e R$ 120. Depois, os organizadores pretendem rodar o Brasil. Muitos cariocas querem ir à festa antes de ela mudar de endereço.
É o caso de Walesca França Carvalho, moradora do Leblon. Ela queria comemorar seus 27 anos de forma diferente e escolheu o Baile da Favorita. No entanto, a festa não foi exatamente como as outras, pois foi transferida para um clube na Lagoa (zona sul).
- A transferência aconteceu, porque o baile estava marcado para um dia antes de o Bope invadir a Rocinha. Estava um clima tenso por causa da prisão do Nem e da pacificação. Mesmo não sendo na quadra, o Baile da Favorita foi incrível! Eu amo funk e teve MC Naldo e MC Marcinho que eu adoro.
Eu Amo Baile Funk
Em outras favelas da cidade, um evento que sempre lotou no Rio está dando o que falar. O Eu Amo Baile Funk já teve duas edições, uma na comunidade dos Tabajaras, em Copacabana, e outra no Fogueteiro, em Santa Teresa, centro. O evento promete mais três bailes em outras favelas com UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). O organizador, Mateus Aragão, falou sobre o sucesso do baile.
- Nós sempre tivemos o sonho de fazer o Eu Amo Baile Funk na favela e a polícia nas comunidade possibilitou a realização desse sonho. A diferença das edições na favela é a atmosfera do lugar e a vista maravilhosa da cidade. Nos dois, tinha muita gente de fora da comunidade. Foi um sucesso.
De acordo com Aragão, no Tabajaras foram cerca de 1.500 pessoas e no Fogueteiro, 2.000. A próxima festa vai acontecer no morro dos Prazeres, no dia 28, com a presença da MC Trinere, Coiote e Rapozão e Duda do Borel.
Para os que preferem o pagode, a melhor pedida é a quadra de samba do Santa Marta, em Botafogo. A comunidade, pacificada desde 2008, virou ponto cobiçado para festas. Mas, por lá, o salto alto fino, que predomina nos pés das funkeiras dos bailes, é substituído por sandalinhas rasteira e sapatilhas para subir as ruas de paralelepípedo e sambar à vontade.
Priscila Correia, de 26 anos, escolheu a comunidade para celebrar o aniversário e contou ao R7 as diferenças da comemoração no ano anterior, quando fez uma festa em uma boate em Botafogo, zona sul.
- Achei muito bom o evento no Dona Marta, com pessoas animadas e bonitas. O clima é diferente da boate. É um clima de fim de tarde, as pessoas estão mais relaxadas e descontraídas.
É mais estilo verão e não aquela coisa arrumadona de boate. Com certeza vou voltar.
Desde que foi pacificada, a comunidade ganhou destaque nacional e internacional e várias opções de festa. Até o Carnaval, há eventos no morro todo o fim de semana, basta se programar.
Fonte R7