Condenação de esposa de titular da Segurança do Estado só foi possível por prisão no Brasil de sul-africana com 10 kg da droga
Foto de 05/02/2010 mostra Sheryl Cwele, mulher do ministro de Segurança de Estado sul-africano, Siyabonga Cwele, comparecendo à corte judicial
Sheryl Cwele, esposa do ministro sul-africano de Segurança de Estado, Siyabonga Cwele, foi condenada nesta sexta-feira a 12 anos de prisão por ter organizado uma rede de tráfico de cocaína a partir do Brasil, informou a agência Sapa. O outro acusado, um nigeriano chamado Frank Nabolisa, foi condenado a mesma pena. Os dois anunciaram sua decisão de apelar da sentença.
O ministro Siyabonga Cwele se negou a comentar a informação. O juiz Koen Piet considerou que os dois tinham trabalhado juntos para recrutar duas mulheres com o objetivo de transportar drogas, informou a agência Sapa.
Sheryl foi acusada de narcotráfico em 2009 depois da detenção em 2008 no Brasil de
Tessa Beetge, uma mulher sul-africana que transportava 10 quilos de cocaína estimados em cerca de US$ 292 mil. Depois de presa no Aeroporto Internacional de Guarulhos, ela acusou a esposa do ministro de tê-la recrutado para tráfico de drogas.
Os pais de Tessa declararam ao jornal sul-africano que Sheryl, de quem foram vizinhos, tinha organizado a viagem de sua filha ao Brasil depois de lhe ter oferecido um emprego. Tessa está atualmente presa em São Paulo.
A outra mulher do caso, Charmaine Moss, que era encarregada de receber um pacote na Turquia, suspeitou de algo ilegal e recusou-se a participar do esquema, tornando-se testemunha no caso. Sheryl foi detida em janeiro de 2010 e logo foi liberada com pagamento de fiança. Sua prisão levou a oposição a pedir a renúncia de seu marido.
Prisão da sul-africana no Brasil
A prisão da sul-africana Tessa Beetge, de 31 anos, mãe de duas meninas, ocorreu em 13 de junho de 2008, quando agentes da Polícia Federal descobriram 10 kg de cocaína, no valor de quase US$ 300 mil, em sua bagagem. Desde então, ela cumpre pena na Penitenciária Feminina da Capital, parte do complexo do Carandiru na capital paulista ainda ativo e utilizado para presas estrangeiras.
Na quinta-feira, a mulher do ministro sul-africano foi considerada culpada por tráfico de drogas. Juntamente com Sheryl, Nabolisa foi acusado de tráfico de drogas, além de recrutar “mulas” para carregar a droga entre países.
Tessa, que diz ter sido enganada por Sheryl, conta que a mulher do ministro ofereceu um trabalho a ela por SMS. Mais tarde, em um encontro em que estavam Tessa, seu pai e suas duas filhas em um café, Sheryl teria explicado que o trabalho exigia viajar para Londres por duas semanas para a fusão de duas empresas.
“Meu único erro foi confiar nela. Sheryl Cwele deveria pagar o preço. Ela deve enfrentar as consequências de suas ações”, disse Tessa em uma entrevista ao canal de TV sul-africano SABC 3.
Depois do aval da família, Tessa diz ter aceitado o trabalho e seguiu para Johanesburgo, onde foi pega por Nabolisa. “Sheryl havia me ditto que Frank era seu irmão. Soube agora que ele é um nigeriano. Vivi com ele em Johanesburgo por uma semana”, contou Beetge.
Foi quando, segundo ela, Nabolisa lhe deu uma passagem para a Colômbia em vez de Londres. "Quando lhe perguntei o que tinha acontecido com Londres, ele disse que aquela vaga já havia sido tomada, outras pessoas haviam comprado a empresa. Tive de aceitar a da Colômbia e acreditei nele porque ele tinha uma boa razão", disse.
Ela voou para Bogotá, via São Paulo e Peru. Na capital colombiana, Bogotá, ela permaneceu em um quarto de hotel por cerca de uma semana.
'Mula'
Tessa disse que não suspeitava carregar drogas até ter sido presa em São Paulo, quando voltava para a África do Sul. “Só percebi que eram drogas quando policiais no aeroporto abriram minha mala. Metade das minhas coisas não estavam lá. Havia embrulhos cheios de cocaína”, contou.
No entanto, o agente da Polícia Federal Carlos de Bartole disse, em depoimento no tribunal, que a sul-africana não parecia surpresa quando foi detida.
Em carta à sua mãe, Marie Swanepoel, a sul-africana da Província de KwaZulu-Natal contou, em outubro de 2010, ter conseguido redução da pena de oito anos para seis anos, nove meses e 20 dias.
Em uma audiência prévia ao julgamento de Sheryl, o advogado Muvuseni Ngubane disse que sua cliente não sabia por que Tessa havia viajado para o Peru e o Brasil. No entanto, emails e mensagens de texto apresentadas no tribunal sugerem que foi Cwele quem arranjou as passagens para Tessa ir de Lima, capital do Peru, para São Paulo.
fonte:
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/mulher+de+ministro+sulafricano+e+sentenciada+a+12+anos+por+vender+cocaina/n1300154502175.html?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter