O Butiá custa o equivalente a R$ 500 e consegue fazer várias atividades
Luiz Augusto Siqueira, do R7
Um laptop ambulante faz mais coisas do que um parado. Para estimular crianças e adolescentes a programar robôs, estudantes de engenharia da Universidade de la República, no Uruguai, colocaram o netbook do projeto internacional Um Laptop por Criança (OLPC, na sigla em inglês), que começou a ser distribuído no país em outubro de 2009, em cima de uma plataforma robótica com quatro rodas.
Chamado de Butiá, o netbook-robô é patrocinado por uma agência do governo uruguaio de estímulo à pesquisa e à inovação (ANII, em espanhol), e apoiado por professores do ensino médio do país.
Chamado de Butiá, o netbook-robô é patrocinado por uma agência do governo uruguaio de estímulo à pesquisa e à inovação (ANII, em espanhol), e apoiado por professores do ensino médio do país.
O Butiá não passa de um laptop e de um kit (que custa o equivalente a R$ 500 - US$ 300 - cada, que é dado de graça para a escola) com sensores, que são instalados em uma placa quadrada de plástico, com uma placa-mãe e quatro rodas.
Além da câmera e do microfone, que podem ser usados para conrolar o robô, o kit contém nove sensores: temperatura, gás, distância, tons de cinza, vibração, inclinação, contato e magnético e luz ambiente. A programação é toda feita num software de geometria na linguagem Logo, que desenha o trajeto do robô e dá as instruções para os sensores.
Federico Andrade, que faz parte da equipe que desenvolveu o Butiá, explica que, além de 300 crianças do ensino fundamental uruguaio, agora os estudantes de ensino médio também passaram a usar o laptop ambulante. A prova do sucesso do robô no país, conta ele, foi dada há pouco tempo, tanto que um "olheiro" acabou os convidando para participar da Campus Party brasileira, evento de tecnologia que reúne milhares de participantes em São Paulo até o próximo sábado (22).
- Quem entregou os diplomas foi o Butiá, programado pelos próprios alunos. As crianças e, principalmente, os adolescentes gostaram muito porque acharam fácil de programar. Entenderam que ele foi criado para dar inteligência ao robô e a eles.
Andrade acrescenta que, além do kit, também é oferecido um curso de três dias para os professores, que ensina o caminho das pedras para as atividades que serão desenvolvidas ao longo do ano. A ideia deu tão certo que os alunos já criaram várias aplicações para o laptop ambulante, como um robô que detecta gás (de cozinha) e avisa caso esteja vazando, outro que procura luz quando está escuro e ainda um que aceita comandos de voz pelo microfone.
Professores de robótica que queiram se inspirar no Butiá, podem acessar o site do projeto (em espanhol), que oferece informações gratuitas com todos os passos para tocá-lo. A página tem vídeos de demonstração que mostram o net-robô cobrando um pênalti, controlado por um celular.
Em 2005, o Media Lab, Laboratório de Mídias do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla, em inglês), nos Estados Unidos, lançou uma iniciativa de pesquisa para desenvolver um laptop com valor equivalente e R$ 167 (US$ 100), que promova a inclusão tecnológica de crianças em todo o mundo. Para isso, foi criada uma nova organização sem fins lucrativos, a Um Laptop por Criança(OLPC), que é independente do MIT.