Cerca de 50 recém-formados e alunos farão as visitas domiciliares e nos abrigos
Gabriela Pacheco, do R7, em Petrópolis | 20/01/2011 às 20h39Das 8h às 12h, Bianca Fois, de 23 anos, e Leandro Barbosa, de 24 anos, recém-formados em enfermagem, fazem parte da equipe do Posto de Saúde da Família em Madame Machado, que realiza, pelo menos até o fim do mês, visitas domiciliares para verificar a saúde dos moradores que sobreviveram a chuva de quarta-feira (12), em Itaipava, distrito de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.
Ao todo, são aproximadamente 50 voluntários recém-formados e estudantes de enfermagem da Fase (Faculdade Arthur Sá Earp Neto) e 25 agentes comunitários, orientados pela SMS (Secretária Municipal de Saúde). Leandro explica que a vontade de ajudar é grande.
- A organização veio da Fase, mas todos tem a vontade de querer ajudar. Nos reunimos para delimitar como seria a melhor maneira de agir. Vamos levar, por exemplo, soro de hidratação e cloreto de sódio para a limpeza da água.
De acordo com o supervisor técnico e gerencial do departamento de atenção básica da SMS, Oswaldo Filho, após o sétimo dia começam a surgir os sintomas das doenças de transmissão hídrica, como hepatite A e leptospirose.
- A leptospirose é uma doença transmitida por uma bactéria liberada na urina do rato. Ela fica alojada na lama, e é um risco principalmente para as pessoas com feridas, que servem de porta de entrada. Pode deixar a pessoa em estado grave, com paralisação da função renal.
Devido à proporção da doença, o objetivo das visitas domiciliares, segundo o supervisor, também é perceber se alguém apresenta os sintomas de dor de cabeça, vomito e dor no corpo. No entanto, confirmar um caso de leptospirose nem sempre é fácil.
O casal Dílson da Silva Campos, de 57 anos, e Valcilene Mendes Campos, de 52, por exemplo, foi uma preocupação para os profissionais. Eles estão há sete dias limpando a casa deles e na quarta-feira (19) Valcilene teve febre e dor no corpo, que poderia ser tanto da limpeza quanto da doença. Para serem avaliados mais profundamente, eles foram encaminhados ao Hospital de Campanha da Aeronáutica.
Depois da constatação de que a mulher teve apenas uma infecção na garganta, a preocupação de Dílson passou a ser a filha mais nova, Lavínia, de 8 anos.
- Ela tem rinite aguda e agora vem toda essa poeirada. Graças a Deus, por enquanto, ela esta aguentando.
A enfermeira do posto, Gisele dos Santos, explica que os moradores de Madame Machado já passaram por essa situação de desastre provocado pelas chuvas. Algumas famílias que estavam se reestruturando, perderam tudo novamente.
- Em 2008, houve mortes no bairro, mas ele foi menos destruído. Dessa vez, mais casas estão interditadas e bens materiais perdidos. Com essa experiência, alguns moradores já estão vacinados contra tétano e sabem o que fazer para a higienização. O problema é que muitas pessoas estão vindo de outros bairros. Normalmente já atendemos cerca de 6.500 pessoas. Agora ainda temos mais os desabrigados de outros bairros.
A experiência de 2008 também dá a certeza à enfermeira Gisele que o apoio psicológico dos sobreviventes não é necessário apenas por esses dias.
- Só quando baixa a poeira, que aflora mais o desespero. Quando conseguem se organizar melhor e entrar em uma rotina, é possível ver com mais clareza neles as consequências do desastre na saúde mental.
Durante a reunião da equipe antes das visitas nesta quinta-feira, o supervisor Oswaldo Filho lembrou a todos que ao entrar na casa dos moradores é preciso também saber ouvir e em vez de dar somente orientações.
- Vamos botar o pé na lama e levar conforto aos sobreviventes.
O trabalho dos profissionais do posto da comunidade também tem sido de elo com outros braços do poder público, como pedir ajuda para a retirada de lama, e relatar as necessidades de doações.
Além de Madame Machado, as equipes de enfermagem da Fase também estão em Benfica, Lajinha, 1º de Maio, Boa Esperança e Vale do Cuiabá. Voluntários de nutrição também estão montado opções de cardápios para os abrigos, preocupados com a alimentação de pessoas hipertensas, diabéticas, crianças e grávidas.
Ao todo, são aproximadamente 50 voluntários recém-formados e estudantes de enfermagem da Fase (Faculdade Arthur Sá Earp Neto) e 25 agentes comunitários, orientados pela SMS (Secretária Municipal de Saúde). Leandro explica que a vontade de ajudar é grande.
- A organização veio da Fase, mas todos tem a vontade de querer ajudar. Nos reunimos para delimitar como seria a melhor maneira de agir. Vamos levar, por exemplo, soro de hidratação e cloreto de sódio para a limpeza da água.
De acordo com o supervisor técnico e gerencial do departamento de atenção básica da SMS, Oswaldo Filho, após o sétimo dia começam a surgir os sintomas das doenças de transmissão hídrica, como hepatite A e leptospirose.
- A leptospirose é uma doença transmitida por uma bactéria liberada na urina do rato. Ela fica alojada na lama, e é um risco principalmente para as pessoas com feridas, que servem de porta de entrada. Pode deixar a pessoa em estado grave, com paralisação da função renal.
Devido à proporção da doença, o objetivo das visitas domiciliares, segundo o supervisor, também é perceber se alguém apresenta os sintomas de dor de cabeça, vomito e dor no corpo. No entanto, confirmar um caso de leptospirose nem sempre é fácil.
O casal Dílson da Silva Campos, de 57 anos, e Valcilene Mendes Campos, de 52, por exemplo, foi uma preocupação para os profissionais. Eles estão há sete dias limpando a casa deles e na quarta-feira (19) Valcilene teve febre e dor no corpo, que poderia ser tanto da limpeza quanto da doença. Para serem avaliados mais profundamente, eles foram encaminhados ao Hospital de Campanha da Aeronáutica.
Depois da constatação de que a mulher teve apenas uma infecção na garganta, a preocupação de Dílson passou a ser a filha mais nova, Lavínia, de 8 anos.
- Ela tem rinite aguda e agora vem toda essa poeirada. Graças a Deus, por enquanto, ela esta aguentando.
A enfermeira do posto, Gisele dos Santos, explica que os moradores de Madame Machado já passaram por essa situação de desastre provocado pelas chuvas. Algumas famílias que estavam se reestruturando, perderam tudo novamente.
- Em 2008, houve mortes no bairro, mas ele foi menos destruído. Dessa vez, mais casas estão interditadas e bens materiais perdidos. Com essa experiência, alguns moradores já estão vacinados contra tétano e sabem o que fazer para a higienização. O problema é que muitas pessoas estão vindo de outros bairros. Normalmente já atendemos cerca de 6.500 pessoas. Agora ainda temos mais os desabrigados de outros bairros.
A experiência de 2008 também dá a certeza à enfermeira Gisele que o apoio psicológico dos sobreviventes não é necessário apenas por esses dias.
- Só quando baixa a poeira, que aflora mais o desespero. Quando conseguem se organizar melhor e entrar em uma rotina, é possível ver com mais clareza neles as consequências do desastre na saúde mental.
Durante a reunião da equipe antes das visitas nesta quinta-feira, o supervisor Oswaldo Filho lembrou a todos que ao entrar na casa dos moradores é preciso também saber ouvir e em vez de dar somente orientações.
- Vamos botar o pé na lama e levar conforto aos sobreviventes.
O trabalho dos profissionais do posto da comunidade também tem sido de elo com outros braços do poder público, como pedir ajuda para a retirada de lama, e relatar as necessidades de doações.
Além de Madame Machado, as equipes de enfermagem da Fase também estão em Benfica, Lajinha, 1º de Maio, Boa Esperança e Vale do Cuiabá. Voluntários de nutrição também estão montado opções de cardápios para os abrigos, preocupados com a alimentação de pessoas hipertensas, diabéticas, crianças e grávidas.
Tragédia das chuvas
O forte temporal que atingiu o Estado do Rio de Janeiro na terça (11) deixou centenas de mortos e milhares de sobreviventes desabrigados e desalojados, principalmente na região serrana.
As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto foram as mais afetadas. Serviços como água, luz e telefone foram interrompidos, estradas foram interditadas, pontes caíram e bairros ficaram isolados. Equipes de resgate ainda enfrentam dificuldades para chegar a alguns locais.
As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto foram as mais afetadas. Serviços como água, luz e telefone foram interrompidos, estradas foram interditadas, pontes caíram e bairros ficaram isolados. Equipes de resgate ainda enfrentam dificuldades para chegar a alguns locais.
Na sexta-feira (14), a presidente Dilma Rousseff liberou R$ 100 milhões para ações de socorro e assistência às vítimas. Além disso, o governo federal anunciou a antecipação do Bolsa Família para os 20 mil inscritos no programa nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis.
Empresas públicas e privadas, além de ONGs (Organizações Não Governamentais) e voluntários, também estão ajudando e recebem doações.
Os corpos identificados e liberados pelo IML (Instituto Médico Legal) são enterrados em covas improvisadas. Hospitais continuam com muitos feridos. Médicos apelam por doação de sangue e remédios. Os próximos dias prometem ser de muito trabalho e expectativa pelo resgate de mais sobreviventes e localização de corpos.
Os corpos identificados e liberados pelo IML (Instituto Médico Legal) são enterrados em covas improvisadas. Hospitais continuam com muitos feridos. Médicos apelam por doação de sangue e remédios. Os próximos dias prometem ser de muito trabalho e expectativa pelo resgate de mais sobreviventes e localização de corpos.
Em visita à região de Itaipava, em Petrópolis, o governador Sérgio Cabral (PMDB) disse que ricos e pobres ocupavam irregularmente áreas de risco e que o ambiente foi prejudicado.
- Está provado que houve ocupação irregular, tanto de baixa quanto de alta renda. Está provado, também, que houve dano da natureza. Isso não tem a ver com pobre ou rico.